sexta-feira, 6 de junho de 2008

E a questão da Cultura Baiana entra em cena na Faculdade Visconde de Cairu.

Falar em cultura é sempre algo complexo e polêmico e, isso se dá especificamente pela dificuldade em definir o significado da palavra Cultura.
Na quinta-feira, dia 05/06/2008 os alunos de Turismo da Faculdade Visconde de Cairu realizaram um encontro para discutir a Cultura na Bahia, na verdade se mostrava e buscava-se ali, um modo de discutir Cultura e suas condições, possibilidades e realidades.
Estavam presentes à mesa pessoas como: Vovô do Ilê Ayê; Negra Jhô, cabeleira afro; Ailton Ferreira, membro do Conselho das entidades negras; Fabrício Massoni, proprietário do espaço Beco de Rosália; Eliezer Nobre, artista plástico e o cantor, compositor e mestre de capoeira Tonho Matéria. Os convidados falaram sobre sua contribuição para a cultura na Bahia, suas experiências e trabalhos no campo social.
A complexidade da visão Cultural é grande, mas na Bahia ao falar de Cultura, certamente os rumos da conversa serão voltados para questão ética e socioeconômica. Talvez, quiséssemos ouvir mais sobre a baianidade Nagô, que historicamente segundo estudiosos, de Nagô tem pouca coisa, ou ouvir sobre a Bahia da alegria e da felicidade, felicidade essa que infelizmente atinge a poucos.
Realmente, gostaria de ouvir mais sobre Cultura, mas a sociedade é representada por diversas camadas, que se formam através de fatores econômicos, sociais e “culturais” e muitos desses nos chamam atenção pelo seu grau de representação. E naquela mesa, assim como nesta cidade do Salvador essa representação era a maioria e, que tem toda uma peculiaridade nas suas expressões e em sua forma de relação, a qual acaba sendo o elemento símbolo da representação cultural deste Estado.
Não se definiu Cultura, mas se discutiu aspectos Sócios-culturais, através de desabafos de vozes que são caladas a todo tempo e o grito de que pode e deve haver uma mudança no Status-Quo. Não uma mudança para o “Black Power”, mas sim para um “Power To The People”.
Gostaria muito de compreender a Cultura Baiana, será que eu deveria começar pelo Brasil colônia? Creio que não, pois lá Gregório de Mattos já narrava em seus versos: "Triste Bahia, tão quão dessemelhança". Pelo visto não mudou muito.
Contudo, gostaria de parabenizar aos alunos de Turismo da Faculdade Visconde de Cairu, pois um Turismologo necessita conhecer os encantos e desencantos da sua cidade e levar para o meio acadêmico, questões polêmicas que podem dar um novo direcionamento nos aspectos culturais dessa cidade. Pois desses aspectos depende muito a economia baiana.
Considero esse ato como uma Ação Social e a Ação Social para Stuart Hall é significativa tanto para aqueles que a praticam quanto para os que a observam: não em si mesma, mas em razão dos muitos e variados sistemas de significado que os seres humanos utilizam para definir o que significam as coisas e para codificar, organizar e regular sua conduta uns em relação aos outros. E o mesmo reitera definindo que tomados em seu conjunto, eles constituem nossas “Culturas”. Contribuem para assegurar que toda ação social é “Cultural”, que todas as práticas sociais expressam ou comunicam um significado e, neste sentido, são práticas de significação.
Como é bom discutir Cultura na Bahia! Assim! Dentro da academia e fora do contexto patético da merda, oh! Desculpe, quero dizer, da mídia.

Denilson Cruz

Texto de apoio:
HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Texto publicado no cap. 5 do livro Media and Cultural Regulation, organizado por Kenneth Thompson e editado na Inglaterra em 1997. Publicado em Educação & Realidade com autorização do autor. Tradução e revisão de Ricardo Uebel, Maria Isabel Bujes e Marisa Vorraber Costa.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da descrição, bem relatado. Realmente é um tema polemico...e bem colocado o final..rrs Valeu !

Unknown disse...

Deni,
Congratulações.O artigo é de excelente qualidade, tenho certeza que essa mente brilhante nos dará ainda muito mais luz.Parabéns, e agradeço de todo coração sua participação no evento, e o relato na integra.Abraços, sua amiga Rose Souza.

Unknown disse...

Bom texto, poderia recomendar um texto de PEIXINHO, Marcus Vinicius Barbosa "Bahia terra da felicidade: uma imagem turística de Salvador"que aprofunda a noção de "baianidade" e os interesses excusos que estão por traz do lema "Bahia terra da felicidade"
Grande abraço e valeu.
Jorge Jr