sábado, 5 de julho de 2008

Permita-me desabafar

Permita-me desacreditar de qualquer coisa que para mim é dúvida. Pois não posso defender uma bandeira da qual não sei das suas cores; da sua pátria; do seu sentido e da sua existência.

Vencido ou não, aqui estou, pronto para não buscar compreender nada do que passa, nada naquilo que poderia ser dúvida, caso a mim se manifestasse o interesse em saber.

Tenho dúvidas sim, mas quanto ao que devo fazer para que eu possa ajudar no alimento da casa em que vivo, pois não trabalho. Vivo da esperança ingênua do amanhã, dos contos que não saem do papel e que não produzem efeito, a não ser em mim mesmo.
Sinto muito por aqueles que apostaram em mim, ou apostaram em si, não sei. Contudo, devo dizer: em mim, não manifesta certas verdades que meus olhos não conseguem enxergar.
Não sei onde vive a verdade, talvez more de aluguel e seja despejada a todo tempo, pois não consegue trabalho. Dificilmente alguém deixa que ela penetre em seus espaços e assim, se torna difícil que a mesma tenha êxito nas suas ações e se fixe em algum lugar.
Dúvidas, muitas dúvidas, quanto a pessoas; poemas; poetas; povos; argumentos; ditos; feitos; orações; pregações; idéias; leis; loucos e luto. Na verdade eu não sei mais nada, nunca soube e a cada dia sei menos ainda.
Meu Deus! Não tenho e faço acreditar que não preciso e não quero ter, quando na verdade queria ter e muito e, só então, só então decidir que não quero, se assim desejar. Isso é o direito de cada um.
Mas, meu Deus, que coisa é essa? O que se passa? Estou muito cansado. Cansado de muitas coisas, muitas coisas que vi e ouvi; muitas coisas que li e escrevi. Não sei de nada, de nada sei. Nossa! Haja paciência.
Dizem que repetimos as vivências da vida porque persistimos nos mesmos erros. Será? Qual terá sido meu maior erro? Ser ingênuo talvez? Só sei que estou cansado, muito cansado de muitas coisas, coisas que não vi; coisas que não ouvi e não falei.
Empreste-me Sócrates, só por um momento para que eu possa dizer que: “Sei que nada sei”. Nossa! Na verdade é mentira, sei de uma coisa: Sei que não estou satisfeito com o meu caminho, a minha vida e desejo experimentar aquilo que quero experimentar, ainda que me perca no caminho. Esse é um direito meu e de qualquer um.